Coluna do Rabugento
O que dizer pras crianças?
Quando eu tinha 11 anos, assisti o Brasil perder da França nos pênaltis e ser eliminada da copa do México (bons tempos).

Ainda atordoado, assisti emocionados discursos de Osmar Santos, Fernando Vanucci e Leo Batista, todos com olhos marejados.
Parêntese: Osmar Santos era o Galvão Bueno da minha época. Vanucci era uma espécie de Thiago Leifert. E Leo Batista era o Leo Batista mesmo, só que mais novo. Fecha parêntese.
Resultado do dramalhão: chorei junto com os caras. Chorei até muito, eu acho.
Meu pai e minha mãe apontaram pra mim e riram alto: “Rá!! Tá chorando por causa de futebol!!”.
20 anos mais tarde entendi que sofri búlim dos meus próprios genitores, e que se fosse hoje um assistente social poderia ter-me tirado de casa, e encaminhado meus pais pra alguma dessas escolinhas-do-Detran-pra-ensinar-a-criar-meninos-mimados.
Nunca mais chorei por causa de futebol, além de até hoje não ter entrado numa sessão de cinema com metralhadora pra matar todo mundo.
Agora, em 2014, já temos internet banda larga e redes sociais.
E vejo pais e mães se perguntando: “o que eu devo dizer pro meu filho que está chorando por causa do futebol?”
E penso: ora bolas, a Super Nani e a Fátima Bernardes ainda não ensinaram sobre isso? Então faço eu mesmo!
Temos que dizer o óbvio:
Que tanto no futebol quanto na vida real é assim. Uns ganham, outros perdem, e normalmente ganham os que se preparam melhor, que hoje foram os alemães. Mas perder é tão honroso quanto ganhar, quando não se apela para pontapés no fim do jogo. Então, queridinho, aprenda essa lição. Estude mais, se esforce mais, que suas chances serão maiores de vencer lá na frente. Mas mesmo que você não vença, o importante é que faça sempre o melhor possível.
Tenho medo do que vai ser do futuro dos filhos da classe média de hoje, cujos pais exigem de si próprios protegerem suas proles de todo o tipo de sofrimento, e nesses momentos que podiam ser de aprendizado valioso, preferem dizer que essa foi a copa do mundo onde tinha um herói abatido, que era o Neymar, e um vilão, que foi o Zuñiga.
Foto: globoesporte.com
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